Baseado na bíblia
Cordel da vida de Jó
Autor poeta
Raimundo Nonato da silva
Jó é das terras de UZ
De Édom o território
Ao sudeste do mar morto
Digo e provo no cartório
Mais árabe do que judeu
Com ou sem interrogatório
Historiadores dizem
Com toda convicção
Que Jó também foi do tempo
Do patriarca Abrão
Izaque e também Jacó
De uma mesma região
Após este livro escrito
Dizem que o Jó viveu
Cento quarenta e quatro anos
Diz o escritor que escreveu
Com quase duzentos anos
Jó muito velho morreu
Nós temos Jó como um homem
Justo e temente a deus
O mais importante do oriente
Mesmo sem ser dos hebreus
Seu sofrimento foi grande
Como o do reis dos judeus
O livro de Jó foi escrito
Por autor desconhecido
Tem sofrimento e vitória
De um homem justo aguerrido
Só entende o livro bem
Aquele que ler bem lido
Tinha quatro qualidades
Cada uma especial
Jó era sincero e reto
Temente a Deus e leal
E por ser um homem santo
Desviava-se do mal
Tinha sete filhos homens
Três filhas mulheres Jó tinha
Tinha sete mil ovelhas
Era um homem de alta linha
Quinhentas juntas de bois
Sua riqueza todinha
Tinha quinhentas jumentas
Três mil camelos formosos
Muitos servos aos seus serviços
Era rico e poderoso
Dos homens do oriente
Era Jó o mais famoso
Cada um dos filhos de jó
Banquete em casa fazia
E assim cada irmão
Um com outro se unia
Para comerem e beberem
Era assim no dia, dia.
E quando assim sucedia
O tempo determinado
Jô sacrificava ao senhor
De madrugada acordado
Dizendo talvez meus filhos
Cometeram algum pecado
Jó temia que seus filhos
Blasfemassem do seu deus
E assim sacrificava
Ao Deus pelos filhos seus
Assim continuamente
Honrava o deus dos judeus
Vindo um dia que os filhos
De deus ao se apresentar
Perante o senhor também
O diabo ao se aproximar
Entre os filhos de deus
Veio também se amostrar
Disse o senhor de onde vens
Respondeu o satanás
Vim de rodear a terra
Passear tirando a paz
Matar roubar destruir
São coisas que o diabo faz
Disse deus observaste
Jó o meu servo querido
Porque ninguém a na terra
Semelhante e garantido
Sincero reto e temente
E do mal tem se saído
Respondeu o satanás
Em vão não te teme Jó
O cercaste de riqueza
Dinheiro gado e ouro em pó
Tire tudo que ele tem
E blasfema de te sem dó
Disse deus toda riqueza
De Jó ta na tua mão
Somente na vida dele
Não toque preste atenção
E o satanás saiu
Pra fazer mal sem razão
Aconteceu que um dia
Que os filhos de deus estavam
Na casa do primogênito
No banquete festejavam
Um dos servos mensageiros
As más noticiam a Jó davam
Disse o mensageiro a Jó
Vieram os Sabeus e levaram
Teus bois e tuas jumentas
Os fios de espadas tomaram
Só eu escapei com vida
E aos outros servos os mataram
Quando este estava falando
Veio o outro e disse assim
O fogo de deus caiu
Do céu e matou em fim
As ovelhas eu escapei
Pra dar-te a noticia ruim
Estando este falando
Outro com noticia nova
Os três bandos dos caldeus
Deu em teus servos uma sova
E levaram os teus camelos
Só eu escapei por prova
Estando este a falar
Outro mensageiro veio
E disse estando os teus filhos
Com o irmão mais velho sobreveio
Grande vento do deserto
Fez um reboliço feio
Na casa do primogênito
Coisas tristes aconteceram
Estavam bebendo vinho
Na hora não perceberam
A casa caiu por cima
E os seus filhos morreram
Disse só eu escapei
Para te noticiar
Jô caiu e levantou
Rasgou as vestes a chorar
Mesmo a sim a deus adorou
Sem se cansar de adorar
Raspou a sua cabeça
Sobre a terra se jogou
Disse nu sai do ventre
E nu para cova vou
E tudo o senhor me deu
O senhor mesmo tomou
E assim jó adorou
Ao Deus como estar escrito
Jô não pecou contra ao Deus
Disse deus seja bendito
E da historia de Jó
Farei um cordel bonito
Vindo outro dia que os filhos
De deus vieram se apresentar
Perante o senhor e o diabo
Também veio se amostrar
Deus perguntou de onde vem
Ele começou falar
Vim de rodear a terra
E disse deus a satanás
Observaste meu servo
Jó como ele está em paz
Porque ninguém há na terra
Como Jó é alias
Contra ele sem ter causa
Havendo tu me incitado
E satanás respondeu
Ao deus com gesto zangado
Que pele por pele o homem
Pela vida da dobrado
Tudo que o homem tem
Dará pela sua vida
Toque na carne e nos ossos
Dele e abra uma ferida
Que ele blasfemará
Do senhor logo em seguida
Disse deus a satanás
Ele está na tua mão
Poupa porem a sua vida
E naquela ocasião
Saiu satanás da presença
De deus para a maldição
De uma chaga maligna
O satanás feriu Jó
Da planta dos pés ao auto
Da cabeça dava dó
Jó ali caiu por terra
Com o seu rosto no pó
Jó estava feridento
Com chagas e pra se coçar
E com um caco de telha
Começou a se raspar
E se jogou sobre as cinza
Sem força pra suportar
Então sua mulher disse
O teu deus não te socorre
Pra que ser leal a deus
Amaldiçoa-o e morre
Ela quis dizer que deus
Não protege quem lhe recorre
Jó olhando para ela
Respondeu na mesma hora
Como fala qualquer doida
Tu estas falando agora
E Jó fez o desabafo
Botando as magoas pra fora
Recebemos o bem de deus
E não receberíamos o mal
Com tudo Jó não pecou
Com os lábios e foi leal
Hoje é difícil um servo
Como Jó especial
Ouvindo os três amigos
Sobre o mal que a Jó foi vindo
Com ele se assentaram
E a mesma dor sentindo
Sete dias e sete noites
No pó orando e pedindo
Os três amigos de Jó
Elifaz o Temanita
Outro chamado Bildade
De sobre nome Suita
Não posso me esquecer
De Zofar o Namanita
Foram três dias e três noites
De jejum e oração
Viram que a dor de Jó era
Grande como a imensidão
Exposto ao sol e a lua
Todos jogados no chão
A dor de Jó era grande
E o sofrimento seu
Fê-lo amaldiçoar
O dia que ele nasceu
Só Jó e Deus sabiam
O tanto que Jó sofreu
Jó na dor fez um pedido
Ao Deus grande e soberano
Que seu dia não entrassem
No calendário romano
E trinta de fevereiro
Não estar no mês do ano
Jó disse que a escuridão
Cubra aquela noite e dia
Que música não entre nela
Só treva angustia e agonia
Seja ela solitária
Sem prazer e alegria
Que escureçam as estrelas
E a luz do dia não venha
De noite e dia só treva
Naquele dia mantenha
No calendário do ano
Aquele dia não tenha
Jó se lamentando disse
Assim porque eu nasci
Na madre de minha mãe
Não espirei e morri
Desejou não ter nascido
Vendo a sua historia eu vi
Jó disse como um aborto
Não existiria agora
Como criança que nunca
Da madre saíram fora
Eu era pra ter morrido
Naquela maldita hora
Ali o mal não repousa
Ali estão os cansados
Não ouve a voz do exaltor
Imóvel todos calados
Estão pequenos e grandes
Jó falava dos finados
Ali servos e escravos
Livres estão do senhor
Jó não suportava mais
O sofrimento e a dor
A dor da lepra era forte
Que lhe trazia amargor
Jó disse por que se dá
A luz ao o miserável
E vida aos amargurados
De animo e inconsolável
Jô a deus pediu a morte
No sofrer inconfortável
Como um alguém que espera
A morte e ela não vêm
O Jó se sentia assim
Atrás da morte também
Procurando a sepultura
Pra ficar do mundo alem
Antes do pão o suspiro
Em Jó causava arre peio
Jó abriu a boca e disse
O que temia me veio
Aconteceu-me aquilo
Que eu tinha mais receio
Nunca tive descansado
Da triste situação
Sem sossego e sem repouso
Na hora da aflição
Jô disse assim sobre mim
Veio a perturbação
Disse Elifaz temanita
Na hora triste e opaca
Eis que ensinaste a muitos
Fortificastes a mão fraca
E repreendeu a Jó
Como um linguarudo ataca
Disse não é teu temor
Em deus tua confiança
Sinceridade no teu
Caminho e tua esperança
Querendo que Jó lembrasse
O que Jó tinha em lembrança
Lembra-te qual inocente
E que já mais pereceu
Os sinceros destruídos
E Jó nada respondeu
Elifaz continuava
Com prejulgamento seu
Com hálito de deus perece
E com o sopro da sua ira
Consome-se tudo e todos
Os seres que aqui respira
Elifaz assim falava
Como um alguém que conspira
O bramido do leão
Quando brama em alta voz
A quebrantam-se os dentes
Do leãozinho feroz
Leão filhote e leoa
Ficam dispersos e sem voz
Por ventura seria o homem
Mais justo que o senhor
E porventura o varão
Mais puro que o criador
Já mais alguém se compara
Ao o deus do esplendor
Eis que Deus o criador
Nos seus servos não confia
Nos anjos encontra loucura
Assim Elifaz dizia
Quem é o homem de pó
Pra deus confiar um dia
A ira destrói o louco
E o zelo mata o tolo
Quanto a mim eu buscaria
Ao deus pedindo consolo
Porque o mar de deus
Tem melhor sabor que bolo
Deus faz coisas grandiosas
Ninguém pode esquadrinhar
São tantas as maravilhas
Não tem quem possa contar
Da morte o necessitado
Só Deus pode lhe livrar
Eis que bem aventurado
É o homem aquém deus castiga
Ferindo a sua mão cura
Ele faz a chaga e liga
Deus castiga mais é pai
Protege com mão amiga
Em seis angustias o deus forte
De todas te livrará
E na sétima com certeza
O mal não te tocará
Fome guerra espada e morte
Só quem nos livra é Jeová
Disse Jó se minhas magoas
E misérias fossem pesadas
Mais que areia dos mares
Cresceriam em toneladas
Por isso as minhas palavras
Não foram inconsideradas
Que dera que eu cumprisse
O desejo que eu espero
Se deus me ouvisse me desce
Aquilo que tanto quero
E acabasse comigo
Jô ali falou sincero
Jó disse assim que seria
A sua consolação
Disse qual é minha força
Pra que eu espere a razão
Qual meu fim pra que prolongue
Aminha vida e missão
Por ventura é minha força
Da pedra e a carne de cobre
Não está em me a ajuda
Quem analisa descobre
Jô pedia compaixão
Como um miserável pobre
Jó disse a deus ensinai-me
Que assim me calarei
Por favor, dai-me a entender.
Qual o ponto que errei
Como quem tava dizendo
Sofrer porque eu não sei
A carne de Jó ficou
Podre e criou até bicho
Tinha sonhos e assombros
E Jô se achava um lixo
O diabo não matou Jô
Mais fez o mal a capricho
Bildade estimulou Jó
Buscar deus de madrugada
E pedir misericórdia
Sem se maldizer de nada
Disse o todo poderoso
Resolve toda parada
Disse nos somos de ontem
E de nada nos sabemos
Nossos dias como sombras
Passarão todos morremos
Se acreditarmos em deus
Nas batalhas venceremos
Deus não o rejeitará
Em qualquer ocasião
E aquém é mal feitor
Deus não toma pela mão
Deus é justo e quem dever
Vai sofrer a punição
Até que de riso encha
A boca com o bom humor
E os lábios do alegre
De honra gloria e louvor
Pode para fazer isso
Só tem deus o redentor
Deus é grande e sábio em tudo
Se ele quiser fazer
Nenhuma de mil palavras
Ninguém sabe responde
Dono de tudo e de todos
Deus é porque tem poder
As coisas grandes de deus
Ninguém pode esquadrinhar
As maravilhas são tantas
Não tem quem possa contar
Os que com deus contenderam
Eu não vi um escapar
Disse Jó assim Deus passa
Perto de mim e não vejo
Passa próximo e eu não sinto
Com seu poder benfazejo
De se livrar da doença
Jô tinha um grande desejo
Não vê como o homem vê
Porque contende comigo
Lembre-se que tu me formaste
De barro e pó assim digo
E Jó pensava que Deus
Tava lhe dando castigo
Palavras que na serve
Razões que não tem valor
Deus não confia em seus santos
Disse Elifaz sem temor
Que nem os céus estão puros
Aos olhos do senhor
Doente e abandonado
Numa hora muito ruim
Meus parentes me deixaram
Jô se lamentava assim
Até os meus conhecidos
Esqueceu-se de mim
Tornaram-se contra a mim
Aqueles que eu amava
Meu bafo se fez estranho
Eu nem ninguém suportávamos
E Jó ali se queixando
Da situação que estava
Os ossos pegados à pele
De Jó só se via os dentes
Mesmo sofrendo dizia
Com as palavras decentes
Sei que meu redentor vive
E me faz um dos viventes
Jó disse assim quem me dera
Ser como fui no passado
Naqueles meses e dias
Que pro deus era lembrado
E Deus cuidava de mim
Guardando-me bem guardado
Tempo que os meus meninos
Estavam todos comigo
Como deus também estava
Comigo e era mais que amigo
E sem Deus e a família
Como é grande o meu castigo
Ajudei ao miserável
E aos órfãos que clamavam
Com azeite em abundancia
Em manteiga os pés lavavam
Eu era os olhos dos cegos
E os pés dos que não andavam
Famintos necessitados
A todos Jó da à mão
Jô ajudou muitos pobres
Água leite roupa e pão
Do seu passado feliz
Jô tinha recordação
No estado miserável
Que caiu Jó disse assim
Os de menos idade que eu
Agora zombam de mim
O sofrimento de Jó
Parecia não ter fim
Acusações e defesas
Seus três amigos faziam
Elifaz Bildade e Zofar
Eliú todos diziam
Acusando e respondendo
Assim Jó lhes respondiam
Jô perguntava e Deus
Respondeu-lhe com carinho
Deus deu a resposta a Jó
Veio no redemoinho
Na hora que Jó estava
Se sentindo tão sozinho
Jó respondeu ao senhor
Já bastante arrependido
No pó e também na cinza
Jó tinha reconhecido
Que nem um dos pensamentos
De deus seria impedido
Falei do que não sabia
Jó ao senhor respondeu
Após Deus falar com Jó
Outra hora sucedeu
Deus disse a elifaz contra te
Minha ira se acendeu
E contra seus dois amigos
Deus não queria ter dó
Só porque eles disseram
Serem mais retos que Jó
E Jó pelos seus amigos
Orou com rosto no pó
Tomai, pois sete bezerros.
E sete carneiros agora
Ide ao meu servo Jó
Para ele sem demora
Oferecer holocausto
Meu servo por vocês ora
Então foram Elifaz
O Temanita e bildade
O Suita e Zofar
O Namatita é verdade
Fizeram o que deus lhes dissera
Naquela oportunidade
E enquanto Jó orava
Por amigo e companheiro
O senhor olhou pra Jó
E virou seu cativeiro
Deus deu tudo a Jó em dobro
Fazenda gado e dinheiro
E tudo que tinha antes
Jó tinha agora dobrado
Seus irmãos davam presentes
Ouro dinheiro e gado
Os amigos condoeram
E Jô por deus foi curado
O ultimo estado de Jó
Foi mais rico que o primeiro
Com catorze mil ovelhas
Seis mil camelos e dinheiro
Mil juntas de bois e jumentas
No curral do seu terreiro
Jó teve mais sete filhos
E três filhas de estima
A sua primeira filha
Ele chamou de Jemima
A segunda Quezia e a terceira
Quérem Hapuque me anima
Em toda terra não se achava
Mulheres lindas e formosas
Como as filhas de Jó
Eram beldades formosas
E se não fossem três flores
Com certeza eram três rosas
Depois disto viveu Jó
Mais cento e quarenta anos
Viu os filhos dos seus filhos
Deixou herança e planos
E morreu farto de dias
Alegre sem desenganos
O cordel da vida de Jó
Eu escrevi resumido
Você só vai entender
Se ler o cordel bem lido
Do homem que sofreu tanto
Venceu e não foi vencido
Nenhum comentário:
Postar um comentário