Coronéis do passado
E do presente
Poeta Raimundo nonato
da silva
Os coronéis de hoje em
dia
São piores que os
antigos
Os coronéis do passado
Respeitavam os
inimigos
Os de hoje se
aproveitam
Tem deles que não
respeitam
Nem os seus próprios
amigos
Os coronéis do passado
Eram ricos fazendeiros
Protegidos por
jagunços
E grupos de
cangaceiros
Os coronéis de hoje em
dia
Só vive de covardia
São chefes
politiqueiros
Hoje não temos
cangaceiros
Nem bando de lampião
Para proteger os
pobres
Humilhados do sertão
Nos casos cruéis e
críticos
Hoje os coronéis
políticos
Comanda a corrupção
O coronel do passado
Não usavam distintivo
Chapéu grande e paletó
Armado por ter motivo
Tinha medo de andar só
De gravata e paletó
O de hoje vive bem
vivo
Hoje temos dois
coronéis
O militar e o civil
O civil é o comum
Político do meu Brasil
Pra dizer melhor em
publico
O que come o dinheiro
público
E faz do pobre imbecil
Os coronéis do passado
Matava adulto e
criança
Estuprava moças pobres
Porque tinha confiança
No dinheiro e nos jagunços
Que lhes davam
segurança
O coronel do passado
Tinha um revolver de
lado
E os coronéis de hoje
É prefeito e deputado
Porem com dinheiro
público
O cafajeste anda
armado
Os coronéis do passado
Tinha tudo na fazenda
Os de hoje não
trabalham
São ruins de encomenda
Tão roubando a grana
pura
Fazendo da prefeitura
A sua fonte de renda
Coronéis antigos
tinham
Seus jagunços
matadores
Hoje dos coronéis
prefeitos
Jagunços vereadores
Mais uma vez digo em
publico
Comendo o erário
público
Roubando os trabalhadores
Os do passado brigavam
Os de hoje se afobam
No passado não
roubavam
As metades dos que
roubam
Esses coronéis de hoje
Passado e presente
englobam
Diz o coronel de hoje
Casa e helicóptero eu
alugo
Com papel higiênico me
limpo
Com toalha me enxugo
O coronel do passado
Usava necessitado
Folha de mato ou
sabugo
O coronel do passado
Não era como raposa
Tinha pouca mordomia
Pra ele filhos e
esposa
Mesmo sendo coronel
Não gastava com café e
papel
Igual a câmara de
Sousa
A cavalo os coronéis
Andavam no meu sertão
Os de hoje só querem
andar
De carro e de avião
Para América e a
Europa
Na Ásia china e Japão
Os coronéis do passado
Eram simples coronéis
Sem ter tratamento vip
Xeque ouro nota dez
E sem hotel cinco
estrelas
Puxava cobra pros pés
No passado o coronel
Não roubava coisa cara
Ver um coronel
roubando
Era uma coisa rara
O de hoje é deferente
Come o imposto da
gente
E rouba a gente na
cara
Os coronéis do passado
Eram homens sem idéias
Coronéis parlamentares
Nas câmaras e nas
assembléias
Milhões maquinando o
mal
Como abelhas nas
colméias
O coronel do passado
Parecia sofredor
Não tinha
acondicionado
Frigobar ventilador
Água gelado e uísque
E vivia no calor
Não subia em elevador
Nem se elevava em nada
O de hoje é deferente
Tem casa mobiliada
Piscina pra tomar
banho
E banheiro na morada
Os coronéis do passado
Eram meios analfabetos
Não conhecia idioma
E nada de dialeto
Os de hoje estudados
Têm muitos que são
formados
Rouba o correto
incorreto
Os coronéis do passado
Num pobre dava uma pisa
Os de hoje toma o
dinheiro
Calça sapato e camisa
E querem ser
importantes
Piores que os de antes
De surpresa nem avisa
No passado coronel
Não estudou bem
estudado
O de hoje estuda muito
Para roubar bem
roubado
Hoje tem raposa e lobo
Roubam e o dono do
roubo
Tem é que ficar calado
O coronel do passado
Não era muito
muquirana
Só usava quatro roupas
Duas ruins duas
bacanas
Alguns só tomavam
banho
Quando era fim de
semana
Os de hoje pintam o
cabelo
Com tinta boa eu
percebo
Os coronéis do passado
Carvão querosene e
sebo
Deixava o bigode preto
Da cor do café que
bebo
Sem ter sabonete PHEBO
Não tinha perfume
nobre
Existiam dois perfumes
Fale com os velhos
descobre
Um era forró de negro
E o outro rola de
pobre
Nesse tempo o coronel
Não conhecia butique
Caqui era roupa de grife
Chita era roupa chique
E a bandeira
nordestina
Mandacaru ou
xiquexique
Só estou falando um
pouco
Daquele tempo de
outrora
Do coronel do passado
Para o coronel de
agora
Daquele que roubou
menos
Pro que rouba toda
hora
Dois tipos de coronéis
Um do outro diferente
O do passado matava
Por ser metido a
valente
Os de hoje por
qualquer coisa
Já que processar a
gente
O coronel do passado
Não era muito ruim
Os de hoje são piores
PERISSE falou pra mim
Um lhe ameaçou de peia
E quase lhe dava fim
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