Letra e música do poeta
Raimundo Nonato da Silva
Eu nasci no pé de serra
Nas quebradas do sertão
Numa pequena casinha
Ali no sitio pinhão
E meu pedaço de terra
Mora no meu coração
Bebi água de cacimba
Andei montado em jumento
Aprende assoviar
Pra poder chamar o vento
Engenho e carro de boi
Eu não esqueço um momento
Naquele tempo no sitio
Inda não tinha energia
Somente a lua de noite
E o sol durante ao dia
Mas a noite era enfeitada
Com seresta e cantoria
Hoje no sitio é diferente
Acabou-se a tradição
Ninguém conta mais historia
Nas debulhas de feijão
Não tem quem veja um paiol
De milho ou de algodão
Bem distante da cidade
Lá eu não achava ruim
Se acaso eu adoecesse
O meu pai fazia assim
Tirava as folhas do mato
Pra mãe fazer chá pra min
O boi de cultivador
Cortou terra no monturo
Longe da poluição
Eu respirava o ar puro
Sem temer as armas químicas
Que ameaçam o futuro
Sou do tempo da panela
De barro e do candeeiro
Fogão a lenha e jirau
O pilão e o chiqueiro
E o pavilhão que vovô
Fez pra dançar no terreiro
Da casa dos meus avós
Lembro-me cheio de amor
E a sombra da oiticica
Por cima do bebedor
Onde eu brinquei com meus primos
E compus cações de amor
Eu mas meu pai cantei muitas
Cações ao claro da lua
Mas nos deixamos o sitio
Para residir na rua
E a saudade do campo
No meu peito continua
Carregar água em galão
Eu acho bom e bonito
Sei pescar e sei caçar
Mesmo com jeito esquisito
Eu conheço caçoar
Cambão, cangalha, e cambito
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