Poeta Raimundo Nonato

terça-feira, 11 de maio de 2010

Um mundo desconhecido

Um mundo desconhecido
Autor poeta
Raimundo Nonato da Silva

Tava dormindo e sonhei
Com um lugar que não conheço
Era um lugar deferente
Sem fim sem meio nem começo
Cidade desconhecida
De casas sem endereço

Só Deus sabe e eu conheço
Porque avistei em sonho
Não é um conto de fada
Apesar de ser risonho
Mas, o lugar é do jeito.
Conforme aqui eu componho

Esta cidade do sonho
Não achei ornamentada
Cada pedra era uma casa
E servia de morada
A pedra era bem molinha
Lá de duro não vi nada

No sul no norte que nada
Não estar em nem um pólo
Nem no céu e nem no ar
Nem na água nem no solo
Nem no alto nem embaixo
Nem também no subsolo

Não há nenhum ser de colo
Neste lugar diferente
Parte intima ficam atrás
A nádega fica na frente
E a cabeça é de banda
Ninguém parece com gente

A boca de cada vivente
Parece um cacimbão cheio
Cada língua dar dois metros
Cada dente é metro e meio
Ô povo triste é aquele
Ô meu Deus que povo feio









Não tem nada de beleza
Eita lugar esquisito
Sem cor sem comer sem água
Não tem silencio nem grito
Doce insosso nem salgado
Não vi nada de bonito

Neste lugar esquisito
Pode crer eu lhe garanto
Se hoje ele estiver aqui
Amanhã ta noutro conto
Não tem menos nem tem mais
Tudo é de um só tanto

O olho de cada um
É uma fogueira acesa
Não tem cama nem tem rede
Não tem cadeira nem mesa
No lugar não tem nem terra
Lá eu vi muita tristeza

Não tem diabo nem tem santo
Nem o bem e nem o mal
E quando não sobe desce
Sempre muda de local
Sem andar e sem voar
E sem ser espacial

Não tem dor nem hospital
Nem doutor e nem remédio
Ninguém sente amor nem casa
Nem rói nem tem dor de tédio
O buraco do nariz
De cada um é um prédio

Ninguém vai por intermédio
Nem dela nem também dele
Ele diz que gosta dela
Ela diz que gosta dele
Meu Deus que terra é aquela
Que povo feio é aquele





Lá eu os vi ela e ele
Os dois numa só função
Ele era o presidente
Daquela triste nação
E ela a primeira dama
Deste país de ilusão

Meu deus que triste nação
Ô país ruim da peste
Sem distrito federal
Sem capital sem nordeste
Sem estado e município
Sem sertão e sem agreste

Não tem leste nem oeste
Prefeito é sem prefeitura
Governo não tem palácio
Político não tem mistura
Lá é tudo igualitário
Não vi ninguém com frescura

Falei a verdade pura
Acredite seu João
Que lá carro anda sem roda
Sem macha e sem direção
Sem freio e sem gasolina
Sem ser no ar nem no chão

Ninguém usa arma na mão
Diz que guerra é sem futuro
Lá ninguém toma emprestado
Não tem agiota e juro
Ninguém vê um fruto verde
Mas, também não tem maduro.

Não tem claro nem escuro
Eu nem gosto de pensar
Não tem rio nem açude
Terra montanha nem mar
Não sei como aquele povo
Mora naquele lugar

Árvore e pássaro não eu vi lá
Lá não tem vegetação
Nem jornal e nem revista
Radio nem televisão
Este país só parece
Com minha imaginação


Tem outra lua e outro só
Pode acreditar que tem
Deus participou do sonho
Que eu participei também
Nem a metade do sonho
Eu não falei pra alguém

Eu ainda vi também
Um monstro forte e graúdo
No lugar das pernas os braços
Ô gigante cabeludo
Lá eu só não vi aluna
Professor e nem estudo

Foi o país mais graúdo
Que em sonho pude ver
Eu sonhei, mas é um sonho.
Que eu queria esquecer
Outro sonho ruim daquele
Nunca mais eu quero ter

Só em pensar em dizer
Veja só causa atropelo
Cada animal diferente
Com cada tipo de pêlo
Só em vê me arrepiou
Cada fio de cabelo

Ô meu Deus que desmantelo
Eita lugar diferente
Este país é tão feio
Tem cada tipo de gente
Nunca mais eu quero vê
Aquele mundo na frente

Têm cientistas inteligentes
Que diz que são entendidos
Que sabe um pouco dos astros
E pensam que são sabidos
Mas, não descobrem que Deus.
Tem países escondidos

Em busca de outros sentidos
Eu vi nesta terra infinda
Que apesar de não ser
Uma nação ótima e linda
Mas, tem remédio pra AIDS.
E o Brasil não tem ainda


Não é uma terra linda
Mas, quem vive lá tem chance.
De não ser vitima da AIDS
E de não morrer de câncer
Não tem tiro de canhão
E nem tem míssil de lance

O homem não tem alcance
Sabe Deus e o meu eu
Talvez ninguém nunca sonhe
Um sonho como este meu
Este sonho é um presente
Que pai do céu me deu

Se alguém sonhou esqueceu
Não teve conhecimento
Pois se tivesse podia
Ter morrido no momento
Muito embora esta cidade
Está no meu pensamento

Foi grande acontecimento
Outro talvez não aconteça
Um quer vê e se lembrar
Outro pede que eu esqueça
Só sei que é coisa de mais
Para uma só cabeça

Em neste país existe
Coisa errada e coisa exata
Menino com voz de homem
Cachorro com voz de gata
Num sonho eu também pensei
Que eu era um vira lata

De vestido eu vi barata
De paletó percevejo
Calça com mais de cem pernas
Feita para caranguejo
Uma cobra engoliu outra
Só quando foi dar um beijo

Eu mais nunca em sonho vejo
Este lugar de magia
Aonde o homem engravida
E burra também da cria
Mas, antes deu descobrir.
Deus de tudo já sabia


Não é lugar de magia
Mas, tem acontecimento.
Em cada canto a surpresa
Pega a gente no momento
Um ser com cara de gente
E o corpo de jumento

O jumento é o transporte
Lá daquela região
Pernas e braços os pneus
As orelhas a direção
Os olhos são os faróis
O freio é o rabo que nós
Paramos com puxão

Sim antes que eu esqueça
Neste meu sonho sonhado
Em vulto eu ainda vi
Doze paises de lado
Quando eu fui vê o que era
Na hora fui acordado

Este tal lugar falado
Lá não tem homens ateus
Não tem diabo nem tem santo
Escribas nem fariseus
Não tem o bem nem o mal
Também foi feito por Deus

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