Poeta Raimundo Nonato

sexta-feira, 15 de março de 2013



A história do homem e o porco
Raimundo Nonato

Eu vi o homem e o porco
Numa grande discussão
Por que o homem chamou
O porquinho de barrão
O porco disse é o que
Vá se aquietar você
Cabra chato beberrão

O homem disse você
Tem focinho e feia imagem
Moro no chiqueiro velho
Vive comendo lavagem
Ronca e tem muito de feito
Com um seboso do seu jeito
Não quero camaradagem

O porco disse e você
Quer dá uma de bacana
Fuma cigarro e cachimbo
E enche o rabo de cana
Maltrata os filhos e a caseira
Gasta o dinheiro da feira
Todo final de semana

O homem disse você
Fede e dorme na lama
Um buraco cheio de água
Está sendo a sua cama
Quando não lhe sangram enforca
Uma fêmea tem que ser porca
Para dizer que lhe ama

Disse o porquinho eu sou macho
E minha porca me quer
Reparto a lavagem com ela
E dou o que ela quer
E você seu descarado
É tão ruim e safado
Que bate em sua mulher

Disse o homem eu te detesto
Não nem papo xô
Eu não vou perder tempo
Com comedor de cocô
Se seu dono não cuidar
Hoje mesmo vou te levar
Pro terreiro de xangô

O porco disse você
Bebe e só faz palhaçada
Tomba bêbado pelas ruas
Cai e vomita na calçada
Vive de garganta roca
E os cachorros lambem sua boca
Nas ruas de madrugada

Disse o homem para o povo
Você é um bicho imundo
Disse o porco bêbado chato
 É vitima de vagabundo
Bêbado que não se comporta
Chega um gaiato e corta
A sua calça no fundo

O porco bebe lavagem
E come cocô com catinga
O homem fuma boró
Fedorento e bebe pinga
Se um erra outro é errado
O sujo e o mal lavado
Um do outro não se vinga

Como o porco estava errado
E o homem sem razão
 Eu meti o pau nos dois
E acabei a questão
Sem querer fazer pagode
Acho que bêbado não pode
Chamar porco de barrão



Nenhum comentário:

Postar um comentário