Poeta Raimundo Nonato

segunda-feira, 11 de março de 2013



Alguns símbolos do sertão
Raimundo Nonato

Curral chiqueiro de vara
Burro jegue e cacimbão
Café torrado no caco
Milho pilado em pilão
Eu acho lindas essas coisas
Que são símbolos do sertão

Capinadeira e boi mano
Canjica angu mungunzá
Pirão pamonha e manzape
Fojo de pegar preá
O lajedo eu acho chique
Mandacaru xiquexique
E do juazeiro juá

Ferro de engomar a brasa
E banco de aroeira
Canga cangalha e gibão
Queimar tijolo em caieira
Alem de ser tradição
O sertão só é sertão
Tendo isso a vida inteira

Espingarda soca, soca.
Bate bucha e bacamarte
Machado que lasca lenha
Facão que ao osso parte
Faca na mão do valente
Faz parte da nossa gente
A culta e nossa arte

Uma casinha de taipa
Outra de alvenaria
E o vento Aracati
À noite a gente aprecia
Coisas do nosso sertão
Quando escrevo uma canção
Boto em minha poesia

Cunha de por em enxada
Prato e panela de barro
Um pote de água fria
Palha pra fazer cigarro
Com carro fora da pista
O boi não é motorista
Mais dirige bem seu carro

Querosene jacaré
Lamparina e candeeiro
E a cadeira de coura
Serve até pro zabumbeiro
Se não tiver um triangulo
Ajudar o sanfoneiro

Chapéu de palha e de couro
Fumo de rolo e tabaco
Rapadura é nosso doce
E frigideira é o caco
Mesmo estando no magote
E a cantiga do capote
Nunca passa de tô fraco

Vaqueiro cuida do gado
E agricultor da roça
O poeta na viola
Decanta a cultura nossa
Um tem dedos calejados
Outro tem braços pesados
E outro tem a mão grossa

São três heróis do sertão
O agricultor roceiro
Gado vaqueiro e cavalo
E o poeta violeiro
Simples e inteligentes
São três heróis residentes
No nordeste brasileiro











Nenhum comentário:

Postar um comentário