Poeta Raimundo Nonato

sábado, 9 de março de 2013



Cirurgia plástica
Raimundo Nonato

Plástica já mais faz o velho
Voltar de novo a ser moço
Uma velha ali fez uma plástica
Virou um cambão de osso
Hoje ta cheia de defeitos
O umbigo foi pros peitos
E o sovaco pro pescoço

Plástica estica algumas pregas
Um gosta outro diz não presta
Meu amigo fez uma plástica
Antes de olhar foi pra festa
Com a venta onde eram os olhos
E os olhos onde era a testa

Os peitos ficaram nos umbros
E a bunda no espinhaço
As orelhas foram pra nuca
E o quadril para o braço
E o saco pra barriga
A plástica foi um fracasso

O corpo novo envelhece
Deixa fraco quem foi forte
Eu não tenho nada contra
A quem faz plástica e esporte
Sem querer causar desdouro
A plástica estica seu couro
Mas não esconde a idade

Quando eu ficar velho assumo
Dá velhice a realidade
Não pinto o cabelo branco
Nem procuro a vaidade
Por mais que a mulher seja bela
Plástica estica a pele dela
Mais não esconde a idade

Morrer velhinho isso é sorte
Morrer novo é um azar
Morre o velho e morre o novo
Vaidade vai passar
Plástica não livra da morte
Nem pode li renovar

Quem olha onde bota o pé
Não topa nem pisa em falso
Segue a pista direitinha
Pra não perder o encalço
Busco o correto é ordeiro
Sou mais um não verdadeiro
Do que um sim sendo falso

Raimundo Nonato




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